Janelas da quarentena
em cada qual fria luz
em cada qual uma pena
Da minha janela pequena
vejo o dorso da serra
desce um rio de sombras
uma avalanche de medo
Da minha janela pequena
ouço a tormenta dos ventos
rompem no ar os lamentos
abraços na dor, desespero
Janelas da quarentena
janelas são corpos de luz
janelas, divinos poemas
Da minha janela pequena
acendo uma chama e oferto
miúdo calor de afeto.
Agosto de 2020